quarta-feira, 14 de março de 2012

Memória Offboard

Fotos que você gostaria de rever daqui 20~30~40 anos...
Textos que você segredou - pensamentos, medos, tristezas contidos ali nas palavras... (Sempre ficam menores quando escritos.)
Músicas que você passou dias ouvindo/cantando o dia todo sem parar... (ou uma "vida" baixando na net discada das antigas haha) Sabe "aquela"?
Filmes que protelou assistir, por preguiça ou falta de companhia...
Tantos guardados...

Talvez alguém mais entusiasta da exposição virtual não sentisse, mas eu senti, em mim, o baque de um HD de 2 teras atingindo o chão (numa morte "instantânea" e "indolor", como dizem sem nunca apresentar depoimento do falecido a respeito).
Seria meio paranóico ter backup do backup, mas teria sido o caso "Vai que..."

Hoje em dia tantas pessoas têm "backup" público de suas coisas, em redes sociais e em flogs. Não, não me arrependo de não ter esse tipo de "backup" online de tudo (E nem quero. Apreciaria é ter um backup do meu corpo, pra quando as peças começarem a apresentar defeito). Afinal, o importante está na cabeça, disponível a quem de interesse, enquanto a saúde permitir.

Nesse pique, logo chegamos ao extremo de algo como naquele filme com Robin Williams, Violação de Privacidade (The Final Cut), em que tudo o que os indivíduos viam e ouviam era gravado, para a posteridade, em um chip implantado no cérebro antes mesmo de conseguirem coordenação para resolver qual dedo chupar. Perigoso, não?

Agora: um chip pra expandir a memória seria ótimo - "instalar" a enciclopédia no cérebro ou até armazenar todas aquelas posições de ioga, das dolorosas às ridículas. #MatrixFeelings

Enfim... [Minuto de silêncio]

Lembro daquela criança arisca, avessa às lentes, que tomava banho de rio vestido dos pés à cabeça, que ficava (ou fitava?) num canto da porta ou da casa todo sério, limitando-se aos burocráticos cumprimentos àquelas visitas de familiares extrangeiros e semi-conhecidos. Tímido, ex-tímido.

Sempre quis ter imagens dessa época, embora não tenha colaborado um tico sequer (custou arrancar algumas parcas fotos em posse de tias corujas). Não por nostalgia, mas pela graça de ir vendo -e comparando- como as coisas foram andando e desandando. Geralmente notamos como éramos bobos e menos feios do que imaginávamos (?) - não que eu precise de 20~40 anos pra saber o quanto sou bobo hoje, mas seria legal.

De qualquer forma, foi mais uma lição/oportunidade de desapego; útil "incentivo" a livrar-se de coisas velhas que só fazem volume (como aquelas roupas que você nunca lembra de doar).

Desapego é uma das coisas que deixam a vida mais leve e possibilitam estar bem com a idade e com o envelhecer. Já que ficamos velhos mesmo, e coisas serão perdidas, e ganhas, e aprendidas... Pra depois morrer!

2 comentários:

  1. Perfeito queridao ... o texto é otimo e concordo em numero, genero e grau ... e sinto muito pela sua perda ... entendo perfeitamente o q sente ... ja passei pelo mesmo ... abç's

    Nandoo.Sil

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    1. Missa de 7º dia em breve, com direito a guaraná de 2L e aperitivos gordurosos :P

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