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sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Os privilégios que os LGBTs querem

A ideia de que os LGBTs (eu incluso) queiram "mais" direitos em detrimento do restante dos cidadãos visa, rasteiramente, segregá-los ainda mais e colocá-los na posição de: Sociedade x "Eles".

É alimentada por falácias, da série “bobagens a repetir até colar”, que tentam confundir os conceitos de privilégio e de proteção a direitos que são diariamente cerceados pela intolerância.

Não se trata de "mais" e sim dos mesmos direitos, algo que não está garantido apesar dos mesmos deveres. Direito à dignidade, ao simples direito de ir e vir, à Segurança, à Educação (tendo em vista a evasão por causa do bullying), vários outros direitos civis e etcéteras. Isso é privilégio?
facepalm implícita - quando algo é tão, mas tão estúpido que o gesto nem é necessário...

Não, não tem fundamento algum falar em privilégio. Essa afirmação é de uma boçalidade tão gritante quanto dizer o mesmo de outras leis de proteção social, tais como:
  • A Lei Maria da Penha nasceu para proteger adequadamente as mulheres do machismo que as oprime com violência (moral, física e psicológica). A delegacia da mulher foi um outro avanço, para (em tese) tratá-las de maneira digna em momentos devastadores como o estupro e ampará-las quanto às surras do macho "exemplar" que as destrói em casa, pra citar 2 exemplos. Será que Delegacia da Mulher, assim como Hospital da Mulher, não deveria existir também por ser um "privilégio" que os homens não têm?...
  • O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) deveria ser revogado? Não pago pra ver se, entre outros, mortalidade infantil, gravides na adolescência, exploração do trabalho levam a nação muito adiante...
  • O Estatuto do Idoso também? Que a negligência, descaso, falta de educação e consideração reinem sem ele?
  • A Lei contra o Racismo, complementando a Constituição Federal pune a discriminação por raça, cor, etnia (qualquer que seja), bem como religião (!) ou procedência nacional; nasceu para que não se mantivesse as pessoas (principalmente afrodescendentes) à margem da impunidade contra as agressões à sua dignidade (alguma semelhança?)
  • O Estatuto do Índio (e Constituição, inclusive) os protege, pois doutra forma provavelmente estariam mais perto da extinção. Pra que índios, né?

Será que todos esses grupos são "privilegiados" e estão postos "acima" da sociedade ou estão protegidos das distorções provenientes dela? Essa proteção se dá sob o princípio constitucional da igualdade, que significa "tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na exata medida de suas desigualdades". Ou seja, tal tratamento visa ao equilíbrio, a dar condições para que os mesmos direitos e deveres sejam satisfeitos.

Neste sentido, o PLC122, ora mandado à UTI pelo Legislativo, propõe tornar crime o ato de quem for "praticar, induzir ou incitar a discriminação", do que resulte a "ação violenta, constrangedora, intimidatória e vexatória, seja ela de ordem moral, ética, filosófica ou psicológica". Isto não apenas envolvendo LGBTs, pois altera a mesma lei anti-racismo já citada e amplia o grupo: "crimes de ódio e intolerância resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião, origem, gênero, sexo, orientação sexual, identidade de gênero ou condição de pessoa idosa ou com deficiência".

Chamam a isto "mordaça gay". Sério? Vamos reler esse trecho:
de que resulte a "ação violenta, constrangedora, intimidatória e vexatória, seja ela de ordem moral, ética, filosófica ou psicológica"
Liberdade de expressão não vem sem responsabilidade/consequências, nem é desculpa para ter Liberdade de Opressão, garantida pela Impunidade.

Laerte sobre preconceito contra gays

Alguns argumentarão, seguindo a linha de J.R. Guzzo (autor do famigerado "Parada Gay, Cabra e Espinafre", publicado pela Revista Veja), que não tem sentido um projeto assim, visto que a violência atingiria a toda a sociedade igualmente, sendo os homossexuais uma parcela ínfima das estatísticas: "entre 250 e 300 homossexuais foram assassinados em 2010 no Brasil. Mas, num país onde se cometem 50 000 homicídios por ano, parece claro que o problema não é a violência contra os gays; é a violência contra todos". Só faltou concluir com aquele bordão de que "há coisas mais importantes..." (Diga isso a quem não pode andar tranquilo na rua, à família e amigos de quem teve a vida ceifada covardemente; diga isso ao cidadão que pensa diariamente em tirar a própria vida por causa da pressão social que o cerca; vá lá e diga que "há coisas mais importantes")

Entretanto... Uma coisa é a criminalidade de que a sociedade toda é refém: roubos, tráfico, homicídios em geral, trânsito, corrupção, etc. Outra coisa é o Crime de Ódio, a que nem todos estão sujeitos. Garanto que esse discurso falacioso e alienante seria diferente, bem diferente, se fossem 300 negros mortos por racismo - não me refiro às vítimas da criminalidade ou da polícia, mas sim àqueles que sejam mortos só por serem negros e ponto, sem mais nem menos. Aborda o sujeito na rua e mata, por que?, porque você é "preto".

É preciso enxergar que qualquer morte motivada por crime de ódio merece atenção. Se morressem 10 gays no Brasil, assassinados friamente apenas por serem gays, já seria preocupante. As estatísticas só fazem crescer, ainda que haja o receio de expor-se ao denunciar, ser humilhado pelas autoridades e abrir o peito ao preconceito à queima-roupa.

Segundo o IBGE, dos 5.561 municípios brasileiros, apenas "486 (8,7%) possuíam programas ou ações para o enfrentamento da violência contra LGBT" em 2011. Vê-se que as autoridades, boa parte delas, está se lixando - ou se acovardando ante o lobby conservador-fundamentalista (como o da Bancada Evangélica no Congresso).

A revolta diante de tal cenário é natural e justa; e não menos justa é a discussão de políticas públicas ou mesmo dispositivos legais para que as próximas águas sob a ponte não sejam tão turvas (sem confundir discussão com discurso-retórico-demagogo-embromador ad infinitum).

Gato de CheshireOu toda a comunidade LGBT deve ficar quieta porque já tem direitos demais e vive no país das maravilhas? Nem Alice teve só flores, chuchu; a guria já começou aos tombos e tendo que diminuir a si mesma to fit in...



"A homofobia é como o racismo, o anti-semitismo e outras formas de intolerância na medida em que procura desumanizar um grande grupo de pessoas, negar a sua humanidade, dignidade e personalidade." (Coretta Scott King, viúva de Martin Luther King Jr, negra americana ativista e líder dos direitos civis)


Referências:

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Tara Silvícola

Até onde é interessante aquele olhar através dos óculos escuros? Com que freqüência mesmo aquela lingerie matadora ilustra fantasias? Se tudo se acaba naquele momento em que você pega no cabelo duro moldado por gel, laquê... Naquele aroma de essência amarga no lugar do cheirinho quente do pescoço... (Ou numa conversa insossa, com menos sorte )

Nada como o cheiro natural, o gosto de boca e aquele abraço-gostoso-de-abraçar... O resto é engenharia...

O odor perfumado não é apenas misofobia [aversão ao sujo, a germes], mas um complemento ao culto ao corpo "perfeito", cabelos bonitos, roupas bonitas, atitude isso e aquilo, do melhor "produto" para consumo/desejo.

Cuidar-se, fazer uns afagos ao ego e sentir-se bem e seguro consigo mesmo é saudável, é demonstração de um pouco de amor próprio até. De novo: até que ponto?

Eu acho legal despir-se dos cosméticos um pouco, o que inclui não se encher de cremes pra ir dormir... (Rir também enruguece, e aí? ) Pôr aquela camiseta velha, chinelos, aquele short conveniente [?], ou simplesmente jogar-se nu a pele e pêlos (pêlos?), sem pudores... Afinal, tal coisa "dispensa fardamentos" (sic).

Há outras bobagens, como a que ouvi hoje:
_ A gente fala "sexo" pra algo mais casual; com quem a gente gosta a gente faz "amor", disse Fulano.
_ Aham... Tá bom que só porque gosta você vai puxar o cabelo, falar putaria, até cuspir lá e vai chamar isso de "fazer amor"..., disse o Beltrano aqui.

Maqueagens sociais que nós, bobos macaquinhos pelados, vamos inventando pra tornar o mundo civilizado mais chato...

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Segredos que os homens não contam

Não, este não é mais um texto sobre como levar seu namorado ao delírio com um boquete maravilhoso, nem de como contorcê-lo numa punheta profissional, nem como deixá-lo de pernas bambas com... Pensando bem, pode ser que sirva sim! haha

Sobre o que é então, diacho?! Calma, que o negócio é mais embaixo: alguns desejos e histórias escondidos no porão do mundo masculino, no mesmo armário dos pornôs, láaa dentro de uma caixa de sapatos velha, embolando-se em recortes, cartas de amores inocentes e algumas figurinhas heroicamente conquistadas.

Há várias coisas que estão aí "estabelecidas" como sendo masculinas ou femininas. E se o homem não se apega a determinadas coisas ditas "de homem" ou, "pior", gosta de alguma coisa "de menina": pronto, está feita a confusão!


O site Casal Sem Vergonha fez uma pesquisa anônima com os muchachos e apareceram algumas coisas bem curiosas que eles não contam a elas, nem a ninguém.

Eis alguns deles, soltos sob a proteção e segurança do manto do anonimato:
  • Ter tido algum pensamento ou sonho com pessoa do mesmo sexo e ter ficado excitado com isso;
  • Ter feito troca-troca na infância/adolescência;
  • Gostar de carícias lá atrás - feitas pela amada (?), com a língua ou até coisas menos "suaves";
  • Broxar;

Claro que tais segredinhos fizeram aparecer gente escandalizada e até taxando alguns itens de "gays"... Mas a maioria dos que confessaram o seu "lado negro" provavelmente não é nem gay nem bissexual, pois o que caracteriza isso é ter atração (tesão mesmo) por homens, querer transar, beijar, talvez casar e aturar almoços entediantes de família etc. Não que seja um problema - ou ao menos não deveria ser.

Com isso em mente, é fácil concluir que o fato de ter uma fantasia passageira/esporádica, ou mesmo uma experiência isolada na adolescência, não transforma ninguém em "viado" - pra informar aí, quem está com a consciência pesada.

Muitas vezes a gente nem manda no que imagina - senão ninguém teria pesadelos, certo? O mesmo vale para (in)certos pensamentos que cruzam nossos neurônios. Daí imaginar algo ou apenas se excitar com o sexo pelo qual você não tem atração pode acontecer. E então? Então é normal ocorrer tanto com héteros como com gays - e isso não os torna bissexuais, os seres menos frescos do zodíaco. 

A "troca de favores", talvez até derivada daquela fantasia, é super comum especialmente naquela fase "ninformoníaca" que toca adiante a curiosidade entre amigos, primos e afins - o que não exclui adultos atiçadinhos de ter a experiência não usual. Desconfio muito de quem comenta nervosamente que nunca fez, nem nunca faria, nem-nunca-jamais. Sei sei... (Ok, dou a mão à palmatória. Nunca fiz quando pequeno... Juro)

O macho e sapientíssimo carapuceiro Xico Sá já até falou sobre o assunto. Bem humorado, soltou que "o grande drama do troca-troca é quem vai comer primeiro. (...) Claro que quem come primeiro vai embora (risos). Não tem a menor chance de não ir embora".

Mudando de armas, há vários caras que gostam de carinhos no "apito". E se o sujeito curte um fio-terra feito pela mulher, que tem? A próstata é um troço extremamente sensível e não é de se espantar que seja divertido (?) brincar lá. Acho até que a mulherada devia falar que só libera a garagem de trás se o cara também topar. Queria só ver... #AdvogadoDoDiabo

Por outro lado, no outro lado: broxar faz parte! Especialmente quando transamos sem estar muito a fim e faz só por afirmação de virilidade/masculinidade...

Quando a gente amadurece, isso deixa de ser um transtorno de proporções maiores e percebemos, inclusive, que dispensar sexo independente do que vão pensar é melhor do que ter uma experiência não muito legal. (Coisa que ainda não aprenderam aqueles alienadinhos que acham que é "obrigação" do homem ter o pau automático. Arrogante, cansativa e infantil essa postura...)

E mais: broxamos até durante a transa! Isso mesmo! Broxa e diz que gozou, que estava uma delícia e não conseguiu segurar! Hauhaua! É, mulherada, vocês acham que só vocês podem fingir? Nós também fingimos - às vezes até apressamos a coisa pra acabar logo, quando não está bom...

Não é tudo que vai ser gostoso ou aceitável pra todo mundo, mas: pra que implicar com o que dá prazer aos outros (desde que não viole a dignidade alheia)? Temos todos direito à opinião, mas creio que muitas opiniões externadas são puro nhém-nhém-nhém. Por isso, a grande maioria das "parafilias" é tabu... (leia a respeito e descubra um mundo totalmente novo).

Não é à toa que são segredos essas coisas...


Adendo:
Falando em segredos, eis um que nenhum dos meninos mencionou: auto-felação (sexo oral em si mesmo). Estima-se que, dentre mil mortais, de 2 a 3 jovens talentosos consigam executar a proeza, além dos 900 que só ganharam um torcicolo (Ah, vá, diga que nunca pensou nisso vendo aqueles contorcionistas praticamente cheirando a própria bunda).

E olha que essa estatística é de seis décadas atrás. Se uma inocente punhetinha é negada até em flagrante (!), tamanho o terrorismo, imagine quantos mentiram quando foi feita extensa pesquisa (1948) liderada pelo biólogo e sociólogo Alfred Charles Kinsey, considerado o "pai da sexologia". Só esqueceram de perguntar se o cara cospe ou engole kkk (Ok, parei)

Já "a última pesquisa mundial sobre o assunto apontou que entre a população global 89% dos homens já utilizou ou desejou se utilizar da auto-felação"*. Imagino que, não fossem as limitações físicas, isso poderia ser tão comum quanto a masturbação. O mulherio não vive dizendo que homem é tudo cachorro?

Mais sobre autofelação:

sábado, 18 de junho de 2011

"Uma ilha cercada de ignorância por todos os lados"

A intenção do projeto "Escola Sem Homofobia", apesar de vir com atraso, era louvável: conscientizar e preparar professores e a própria escola a lidar com a diversidade sexual, a combater o bullying a que são submetidos alunos LGBTs nas escolas.

Bullying homofóbico nas escolas

Porém, saiu pela culatra (ui!). Apesar de considerado adequado, segundo a Unesco, o material a ser distribuído caiu como uma luva para conservadores radicais e mesmo moderados. Foi estupidamente apelidado de "kit gay", como se houvesse uma intenção doutrinária de "converter" crianças a um "gayzismo". Resultado: polemização eleitoral perfeita em 2011, seguida de engavetamento da ideia.

Um vídeo que um desavisado me enviou por email consegue condensar a alienação e alguns dos absurdos que se ouve, onde o preconceito previsivelmente beira o delírio. Resolvi assistir, só pra ver até onde vai a imbecilidade humana.

Vi que a boçalidade leva a criticar até a Educação Sexual nas escolas, como se o público alvo fossem "criancinhas", quando a matéria é dada pra adolescentes - os quais, se saem por aí fazendo filho cedo ou contraindo DTS (como AIDS) é justamente por falta de educação, e não por excesso de informação.

No geral, tudo apoia-se em dois pilares: contranaturalidade e religião, escolha (ou doença) e pecado.

O primeiro argumento ignora a diversidade sexual no Reino Animal, que opera por instinto e sem nossas distorções culturais. Há uma bobagem impregnada no senso comum, que recusa enxergar que ninguém opta por uma sexualidade, esse nosso lado instintivo - até porque seria meio imbecil escolher algo que vai te fazer sofrer a vida toda com preconceito, inclusive da própria família. É insano que essa suposição seja tomada como justificativa para marginalizar.

O segundo ignora que crença é algo íntimo, individual, não algo que se imponha a terceiros. O ódio é utilizado pelos mercadores da fé e/ou fundamentalistas como instrumento de marketing para vender algo que, em tese, prega o amor - e essa gente não tem pudores em distorcer, omitir e serem levianos, aplaudidos por um público que compra a ideia e faz a propaganda boca-a-boca. Isso eles querem ensinar nas escolas, a propagar o ódio via doutrinação religiosa...

Se fosse uma questão de escolha, poderia mudar seu gosto a qualquer hora? Nem se a mamãe pedir? Não, né? Então não é questão de escolha... Muitas pessoas chegam a ceifar a própria vida por não saber lidar com isso, com as dificuldades e rejeição - então, muito cuidado quando disser: "prefiro um filho morto do que..."

Conclui-se, daí, que as "crianças" devem ser protegidas - exceto as que sofrem bullying, claro. Parece imperar o achismo de que sexualidade é algo transmissível como uma gripe por espirro. Chega a ser hilário: ninguém vai virar "viado" lendo um texto, vendo um vídeo ou tendo uma amiga "sapatão", tampouco tendo professores ou alguém próximo assim - senão, não existiriam gays, filhos de casais heterossexuais (ou estou louco?). Não que o material do kit seja um espetáculo didático - na verdade (minha opinião) é até bobo/fraquinho, chega a ofender a inteligência da molecada... (google!!!)

Ainda que fosse uma opção, esta seria legítima! Que tenho eu a ver com algo que não interfere em minha vida e nem prejudica ninguém? Por exemplo, há gente que adora uma casquinha de siri. Eu acho nojento e a até a bíblia condena (risos), mas isso me dá o direito de constranger essa pessoa?

Afinal, qual o problema de se discutir segregação social e formas de violência gratuita nas escolas? A ignorância* certamente não contribui para uma sociedade melhor.

*Do lat. ignorantia, diz o Aurélio, entre outras coisas: "estado de quem ignora ou desconhece alguma coisa, não tem conhecimento dela".

Recomendo:
A frase-título é do Dr. Dráuzio Varella, que escreveu um artigo bem lúcido sobre a Violência contra homossexuais.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Vergolha alheia


"Nunca me senti tão constrangido como desta vez, quase 3 mil pessoas, inclusive mulheres e crianças, ficavam me chamando de bicha, de gay". O constrangimento é do meio-de-rede do Vôlei Futuro Michael. A denúncia, de um importante jogador que revela o preconceito de que foi vítima durante a derrota de 3 sets a 2 para o Sada-Cruzeiro, na última sexta, em Contagem-MG. (Leia a matéria completa. Muito bons os comentários do jogador).



Um evento que deveria ser ocasião de comemoração, de alegria por parte dos torcedores do Sada-Cruzeiro, torna-se palco para manifestação de intolerância (ou ignorância?) e desrespeito.

Estamos cansados da violência cotidiana que nos oprime e muitas vezes nos faz reféns de nossos lares. O jogador Michael conheceu mais uma das facetas dessa violência que nem todos conhecem.

É de se perguntar: que tipo de sociedade queremos? Pois é lamentável dar esse tipo de exemplo para as crianças ali presentes, exemplo que pode muito bem explicar atitudes covardes como espancar pessoas gratuitamente no futuro apenas por serem diferentes...

Cabe sim cobrar posicionamento do clube por sua omissão e permissividade quanto ao ocorrido. Ou então haverá conivência com algo tão escroto quanto o que acontece na Europa, quando xingam nossos jogadores, comparam a macacos... (Quem será que é primitivo nessa história? <- foi retórica)

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Filho no mundo

0 Ando com medo... Percebi isso hoje, ao lembrar de um filme...
Não por essa violência cotidiana que a mídia explora pra vender hora e outra. Isso não me impressiona tanto... (Sim, overdose de exposição a coisas ruins prejudica a sensibilidade mesmo...)

O que me dá calafrios é esse entrincheiramento nos discursos moralistas e religiosos por uma parte da sociedade.
São procuradores (auto-intitulados) do "Senhor", defensores da "Família", dos "bons costumes" e de uma "moral" oportunista que me preocupam.
É ver líderes religiosos, políticos, ou mesmo personalidades exercendo sua "liberdade de expressão" para alimentar intolerância e fornecendo justificativa para atitudes covardes como espancar pessoas gratuitamente...

Atitudes covardes como dizer, preventivamente: "prefiro ter um filho morto do que gay"
Não se imagina a quantidade de pessoas que se suicidam por não conseguir lidar com a questão, com a pressão e violência emocional constante...
Fora as que não vivem, por não verem outra saída senão esconderem-se do mundo e de si mesmas.

Chega uma hora em que a gente se sente tão sufocado com uma sensação de estar em um mundo inóspito...
Como não reagir a declarações de que você é errado, moralmente corrupto, anormal, pecador, nojento, etc?
Tentam incutir uma lavagem cerebral para, se não for por medo, que se censure por vergonha.

E como reagir?
Vejo críticas dizendo que há exagero em tudo que é manifestação por direitos, que não há por que reclamar...
Queria ver quem se disporia à experiência de passar um ano sem tocar com carinho, abraçar ou muito menos beijar alguém que ama em público... (pra citar um dos aspectos)

Lembro que já sofri agressão verbal e até com objetos por me permitir ser livre e encarar a vida com naturalidade.
Já até peitei autoridade querendo abusar do poder, usando o cargo pra tolher minha liberdade ¬¬

Mas, ando com medo de como as coisas serão...
Lembrei do filme "Milk"...

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Covardia, conivência, cinismo e impunidade

L.A, 23 anos, que foi agredido por cinco jovens, na manhã de domingo, na Avenida Paulista, região dos Jardins em São Paulo
Odeio ficar revoltado com o que não posso fazer nada a respeito ¬¬
Mas pior seria não se revoltar, perder essa capacidade e entregar tudo à "normalidade" e à banalização de coisas que na verdade deveriam ser intoleráveis...

TV exibe imagens de ataque a jovens na av. Paulista:
http://www1.folha.uol.com.br/multimidia/videocasts/832798-tv-exibe-imagens-de-ataque-a-jovens-na-av-paulista-veja.shtml (As imagens falam por si)

Pais coniventes contribuem muito para esse tipo de comportamento.. E são esses mesmos pais (pobres ou ricos) que certamente defendem e/ou passam a mão na cabeça quando esses moleques fazem barbaridades nas escolas - onde muitos profissionais têm medo ou dor no estômago de trabalhar..

Leis condenando homofobia não vão resolver. Ademais, já existe legislação suficiente: há o agravante por motivo fútil; punição por incitação à violência e também contra "calúnia, difamação e injúria".

O problema é mais embaixo: "É de pequenino que se torce o pepino".
Aos grandes (e muitos menores de 18 já são bem grandinhos): punição exemplar! (oh, sonho...)

Pena que o exemplo é excessão; e a regra é a impunidade e o deboche via "penas alternativas".
Otimismo? Sim, as coisas já estiveram piores =]

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Argentina: Humanidade 1 x 0 Obscurantismo


É... A Argentina merece aplausos por ser o 1º país da América Latina a ater-se à igualdade de direitos entre cidadãos em se tratando da diversidade sexual. Bem diferente dos demais estados que ainda cedem ao lobby de religiosos cegos por dogmas que lembram a inquisição (e estados islâmicos)... União civil entre pessoas do mesmo sexo, útil ou não, ainda é uma vitória da civilização moderna sobre o supersticioso da humanidade!

De qualquer modo, com ou sem reconhecimento do Estado, com ou sem "direito", as pessoas continuarão tendo afeto, amor por quem bem entenderem. Numa visão simplista caberia questionar: Pra que diabos então homens (ou mulheres) vão querer unir-se civilmente entre si? Isso é importante? "Talvez"...
Talvez pela simples satisfação de não se ver mais marginalizado pela sociedade, pelo menos no papel. Talvez pela conquista de direitos iguais aos de casais convencionais, como herança, previdência (pensão), adoção, sem a necessidade de ficar se debatendo com trâmites jurídicos (e com juízes cabeças-ocas que confundem instituições tribunal/igreja).

Bem... Não vou esperar muito dos homens, visto que só na história relativamente recente é que se corrigiram algumas coisinhas...:
  • A emancipação feminina com direitos tão básicos como o próprio corpo, ao voto, ao trabalho, à voz...
  • O reconhecimento de negros como pessoas tanto quanto brancos... E pensar que houve tempos em que eram considerados "animais" e, portanto, sequer tinham "alma", pode? Com tolices justicam-se as barbáries, sempre...
  • Surdos/Mudos serem notados, respeitados e ouvidos. Fiquei pasmo durante uma aula de linguagem de sinais (LIBRAS) ao saber que pessoas assim não tinham direito ao estudo (que sequer existia), ao voto, a testamento ou herança (!!!), considerados tão incapazes quanto indivíduos com problemas mentais.
  • Os animais ganharam direitos, embora não desfrutem (bem como muitos humanos); só não ganharam "alma" ainda porque alguns macaquinhos talvez precisem disso para matá-los sem remorso ^^
  •  por aí vai...
E pensar que esses avanços ainda nem alcançaram o mundo todo... A ver...