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quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Cotas e Tetas

Doa a quem doer, é a tendência que tem soprado nos ares das políticas públicas tupiniquins. Primeiro a polêmica das cotas raciais no Ensino Técnico e Superior. Agora a bola da vez é o quadro de servidores públicos - sonho de muita gente que enxerga aí a chance de mudar de vida e tenta a sorte em concursos, já que o mercado de trabalho é uma selva que nem paga lá aquelas coisas e no Governo os rendimentos de alguns cargos (+ estabilidade +benesses) inspiram a expressão "mamar nas tetas".

Ontem, a nossa presidente Rousseff assinou uma mensagem ao Congresso Nacional enviando projeto de lei que reserva para negros 20% das vagas em concursos públicos de órgãos do Governo Federal. Os aplausos à iniciativa, na III Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Conapir), não ecoam entre as opiniões divididas dentro e fora do Congresso.

(Antes de prosseguir é importante destacar que o Brasil é signatário de tratado da Convenção Internacional Sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, o qual exclui essas políticas como racismo)

Será que a questão racial é mesmo um impedimento à igualdade de oportunidade (para adentrar no serviço público) ou uma miragem de quem tomou muito sol na cabeça?


No concurso ninguém olha o seu tom de pele, quiçá checando a foto do RG quando você assina a lista da sala de provas; vale a meritocracia, especialmente em se tratando de concursos para Nível Superior.

No nível médio não creio ser tão "absurda" a ideia, mas: se a justificativa é abrir oportunidade para quem não teve acesso a Educação e preparo decentes, por que não reforçar os critérios Renda e formação em escolas públicas, já que a desvantagem tem pano de fundo Social?

(Não, com essas observações não estou negando que pessoas de cor negra foram vítimas de exploração histórica -inclusive por seus pares- e são vítimas de Racismo; apenas afirmo que igualam-se na vala social em que estão mulatos, pardos e, sim, brancos também. Portanto, não estaria me contradizendo ao sugerir que medida similar na iniciativa privada poderia ser positiva: a fixação de um X% de reserva a partir de determinado nº de funcionários, assim como já é feito com "portadores de necessidades especiais" - obviamente não porque ser negro é uma deficiência, mas por semelhantes dificuldades no acesso ao mercado de trabalho)

Importante ressaltar que os aprovados, por cota ou não, passam por Estágio Probatório (que elimina quem não tem competência na prática). O argumento de que cotas piorariam a qualidade dos serviços públicos não se sustenta.

Cota por "cor" (ou "raça") é uma máscara ridícula para a péssima qualidade na Educação e condições sociais dessas pessoas. E é ótimo instrumento para engrossar as linhas divisórias que aqui e ali nos segregam...

Políticas de proteção a segmentos da sociedade vulneráveis são importantes. Porém, a melhor forma de corrigir distorções é estruturar eficaz e eficientemente a Educação (e blindar legalmente contra a perseguição por preconceito). Pela raiz.

É fato que o acesso ao Ensino Público foi ampliado, e "bolsas" disso e daquilo contribuem pra tanto, mas é um ensino que produz analfabetos funcionais.

E assim vai prosperando a t(r)eta de nossos honoráveis políticos.



Referências:

quarta-feira, 6 de março de 2013

Foi sem querer querendo

Já foi tarde
Um país governado via propaganda pseudo-ideológico-ufanista; liderado de maneira personalista por um garoto com livre acesso a petrodólares que dão asas às suas paranoias beligerantes de perseguição "imperialista";

Que com o cofre do Estado financia esmolas populistas visando manter cruelmente o povo no cabresto eleitoral e na miséria da dependência viciosa;

Onde as vozes de oposição, imprensa ou política, são demonizadas e sufocadas ante a mesma massa já surda às vozes dissonantes:
Afinal, são as vozes contra "o povo", usurpadores - "eles" contra "nós", reza a cartilha pró acefalia política (o alvo tão maleável em referendos quanto internautas desavisados que curtem/compartilham nas redes sociais sem leitura aprofundada)...

Enquanto isso cavalga o aparelhamento das instituições, dos instrumentos da sociedade organizada, o esfacelamento de entes que critiquem ou denunciem a corrupção por trás do monopólio da "verdade" do governo - este com suas castas privilegiadas e cheias de dentes para roer a Educação, o Progresso, a Riqueza e o Desenvolvimento Humano.

Tudo sob a tutela de um constante legislar em causa própria, cimentando mais e mais poder: "Legítimo" com um Legislativo de fachada que ri da distorção do conceito de Democracia (aquela, com "D" maiúsculo).

Isso não é e nunca será exemplo de caminho a ser seguido rumo ao Bem-Estar Social (que tentam implantar nas coxas, sem ter estudado a escola correspondente, talvez por isso ou por desonestidade intelectual denominando "Socialismo"). Está mais para um tipo de câncer - que tem proliferado com as genéricas características dessa doença tão devastadora.

Embora ainda assim otimista, pelo menos por aqui no Brasil, espero nunca ter que desejar que déspota de semelhante quilate morra para que ventos da mudança possam soprar... (Até porque a mudança pode ser pior que a encomenda)

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Há os indignados e há os bananas


O Brasil e a Índia têm nota igualmente baixa, aliás próximas uma da outra, no IPC, o Índice de Percepção de Corrupção da Transparência Internacional, respeitada ONG que mede não a corrupção propriamente dita, porque é "imedível", mas como ela é percebida em cada país.

A nota do Brasil, no IPC mais recente, foi 3,7; a da Índia, 3,3. Ambos os países a anos-luz da Dinamarca e seus 9,3, a primeira colocada em limpeza.

Se a percepção é parecida no Brasil e na Índia, então a reação em cada país também é parecida, certo? Errado, completamente errado. Na Índia, Anna Hazare, militante anti-corrupção, está iniciando nesta sexta-feira uma greve de fome em um parque público, acompanhado por milhares de seguidores.

No Brasil, o pessoal manda cartas indignadas para os jornais, mas não tira o traseiro da cadeira para se manifestar.

A repercussão das diferentes atitudes é inexoravelmente diferente: o movimento de Hazare está em todos os meios de comunicação de respeito no mundo todo, Brasil inclusive. Já a passividade do brasileiro ganhou uma perplexa coluna de Juan Arias, notável jornalista espanhol (um respeitado "vaticanólogo", aliás), hoje correspondente de "El País" no Brasil.

Arias se perguntava porquê não havia no Brasil nada nem remotamente parecido com o movimento dos "indignados" que não sai das ruas da sua Espanha (sólido crítico do Vaticano, aposto que Arias, se estivesse em Madri, estaria nas ruas agora, ao lado dos que protestam contra o que consideram gastos excessivos para receber o papa Bento 16, em um momento de aperto orçamentário generalizado).

O que chama a atenção, na comparação Brasil x Índia, é o fato de que os escândalos mais recentes no gigante asiático têm pontos de contato com o noticiário brasileiro.

Há, por exemplo, fundadas suspeitas de gastos abusivos para organizar os Jogos da Commonwealth, a comunidade de países que foram colônias britânicas. No Brasil, a organização da Copa do Mundo-2014 está cercada de temores, mas ninguém, até agora, fez qualquer protesto público parecido com o da Índia.

Nesta, há também suspeitas sobre negociatas no setor de telecomunicações. No Brasil, uma empresa do ramo comprou outra, o que era proibido por lei. A empresa foi punida? Não, a lei foi modificada (no governo Lula), para permitir o negócio. Você ouviu falar de alguma manifestação a respeito?

Se você preferir outra comparação, mudemos de continente e fiquemos aqui nas imediações: os estudantes chilenos, como os indignados espanhóis, não saem das ruas, exigindo educação pública e de qualidade. Preciso dizer que, em todas as avaliações internacionais comparativas, o Brasil fica sempre nos últimos lugares? Os estudantes brasileiros se mobilizam? Sim, para exigir meia entrada nos cinemas, atitude positivamente revolucionária.

Difícil escapar à constatação de que não somos indignados e, sim, bananas.


Clóvis Rossi, é repórter especial e membro do Conselho Editorial da Folha, ganhador dos prêmios Maria Moors Cabot (EUA) e da Fundación por un Nuevo Periodismo Iberoamericano. Assina coluna às terças, quintas e domingos no caderno Mundo. É autor, entre outras obras, de "Enviado Especial: 25 Anos ao Redor do Mundo e "O Que é Jornalismo". @RosClo

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Fundamentalismo religioso, política e má fé

Apedrejamento
(Mulher condenada à morte por apedrejamento)

Recebi um vídeo onde um pastor (Paschoal Piragine Jr) incita os fiéis a não votarem em políticos abertos à discussão da desburocratização do divórcio, da igualdade civil entre pessoas de orientação sexual diversa, aborto (e, pode-se inferir daí: eutanásia e pesquisa com células tronco)

Preocupante a América Latina ter tantos grupos pendendo para uma ditadura da maioria...
E pode ficar ainda pior se, a exemplo de Estados Islâmicos, confundirmos preceitos religiosos com direitos e deveres do cidadão.

Cristãos católicos, crentes e outras seitas que não aceitem o homossexualismo e eutanásia, por exemplo, estão livres para não praticar. Mas daí impor dogmas ao resto dos indivíduos com base em crença, negando-lhes o direito às suas vidas, à liberdade, à igualdade, é absurdo.

Políticos com discurso de viés religioso representam o que há de mais intolerante, castrativo, medieval e preconceituoso. Preocupa essa gente ter condições de, um dia, tomar as rédeas do poder, eleitos por fiéis manipulados por sua fé cega e surda e contrária à discussão sadia.
Exemplo dessa manipulação é o disparate de inserir no mesmo contexto direitos do cidadão LGBT com: pedofilia, pornografia, aborto (cujo início da vida nem tem consenso). Há aí, no mínimo, MÁ FÉ.