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sábado, 1 de fevereiro de 2014

A novela "do Félix", do beijo ao fim

Félix (Mateus Solano), da novela "Amor à Vida"

Ainda que você não assista a novelas e tampouco tenha paciência pra programas dominicais da TV aberta, provavelmente conhece Félix, o personagem vivido por Mateus Solano em "Amor à Vida", cujo carisma fisgou o público e largou o restante da trama na penumbra.

Após a eterna Nazaré Tedesco (Renata Sorrah) e a infame Carminha (Adriana Esteves), não lembro ter visto um vilão (redimido, mas vilão) tão querido, odiado e comentado. Com suas tiradas rendendo memes e alimentando fanpages nas redes sociais Internet afora, entrou para o rol de vilões consagrados pela audiência e carinho dos telespectadores - regozijos com o humor negro.

"Onde foi que ganhei essa fama de coração de ouro? Ou será que estou em Israel e fui confundido com o Muro das Lamentações?"

Tudo em razão do personagem ser gay? Obviamente, não é caso de se questionar o talento do ator; é mérito dele o espaço no texto de Walcyr Carrasco, não menos responsável pelo sucesso. Mas também não dá pra negar que é um tempero bastante forte, "picante" (risos).

Algumas cenas bem tensas de rejeição familiar, conflito interno e outros embates característicos de um indivíduo gay trouxeram certo ineditismo ao pastelão das 21h, pela abordagem mais humanizada e menos assexuada, com direito a formar par romântico com o carneirinho/anjinho Niko (Thiago Fragoso) - tão fofo...

Bem, já que estamos na chuva... Um beijo molhadinho cairia bem, cobrava a plateia.

Tal sucesso, entretanto, não afastava meu ceticismo quanto a um beijo entre dois homens acontecer em horário nobre da TV Globo... Haja vista o fiasco em "América" (2005), novela em que até os comerciais eram insossos.

E não é que aconteceu?! Aos 45 do segundo tempo, no último capítulo da "novela do Félix" exibido ontem em horário nobre! (31/01/2014: Aqui jaz mais uma das pregas do Tabu e o mundo não acabou). Veja aqui.

Beijo de Félix (Mateus Solano) e Niko (Thiago Fragoso), na novela "Amor à Vida"
O início é beijo, posto que o beijar começa implícito. É beijo: do beijo ao fim

Sílvio Santos, atrevido que é, do alto de seus 80 e lá vai pedrada (!!!), deve estar esnobando:
_ Grande coisa... Já fiz. (O primeiro beijo gay de uma novela brasileira foi ao ar no SBT, em 2011, na novela "Amor e Revolução", entre mulheres – dizem as más línguas que a cena ficou artificial e forçada).

(Pra quem não assiste a novelas, estou muito informadinho, não? haha)

Achei maravilhoso! Esse papo de que "a sociedade não está preparada" nunca me convenceu. Além de a expressão em si já ser de causar vergonha alheia, é temerário necessitar "autorização" para algo tão humano. Exemplo: Casais inter-raciais deveriam ter ficado esperando "a sociedade estar preparada" pra se amar? Estaríamos até hoje na Apartheid.

Não estão preparados pra um simples gesto de afeto? Claro, pois bom mesmo é violência, morte, traição, sangue, corrupção, drogas, etc., etc., etc... O próprio Félix não foi o melhor dos seres humanos... Será que o beijo seria o pior crime? Oo
(Isso apenas pra citar a corrupção social costumeira. Não estou entre os adeptos da ideia de que a ficção deva ser "higienizada", eufemismada e empobrecida de elementos; necessita ser livre pra ser boa ou ruim em qualquer medida).

"Não repare a bagunça", diria a dona de casa cínica, depois de passar horas se matando na faxina pra receber a visita.

Foi importante, tanto para aproximação do público em geral (onde predomina uma visão distorcida) quanto para parcela do público LGBT que destila preconceito autodirigido. Por que? Porque fora exposta ali outra realidade, contra a qual muitas facetas há recusa em enxergar:

Amor à vida (depois do beijo gay)

Um final de novela honesto. Honesto com a realidade contemporânea: as pessoas se amam, se respeitam, formam novos arranjos familiares. (...)

E é nesse ponto que Walcir Carrasco foi ímpar. Félix não só se redimiu, mas ficou com o fardo (desculpem o termo) do pai. Félix "adotou" aquele que lhe incutiu o preconceito mais doloroso: o de não ser aceito pela própria família.

César, que foi cruel, egoísta, machão comedor e o maior trouxa da história das telenovelas poderia ser cuidado por uma equipe de enfermeiros, poderia ter sido despejado num asilo chiquérrimo e caríssimo (porque a família tinha condições), mas Félix não abandonou seu pai.

Essa é uma realidade muito comuns entre os gays. Nem todos podem morar numa casa de praia com um marido lindo e dócil como o Nico, mas a maioria herda os pais para receber os cuidados do fim da vida. Sim, os irmãos se casam, mudam-se, o tempo passa, as visitas aos pais diminuem e quem fica para cuidar deles? O filho gay.

Obrigado à toda produção de Amor à vida por mostrarem um gay que não é baladeiro, que não é promíscuo, que teve seus tropeços, como gays e héteros têm, mas que percebeu na família (a família de que veio e a família que formou com seu marido) o grande valor verdadeiro. Por César Lucas Vendrame

sábado, 21 de dezembro de 2013

Mulheres Descamisadas

(Re)Produzem-se toneladas de parvoíces quando se trata da exposição dos seios femininos em público: "se dar o respeito", "se valorizar", "ter pudor", "putas", "gente de bem" versus "vagabundas", "peito de mulher é sexualizado, o de homem não"...

Engraçado que no Carnaval só o que faltam mostrar é o bico dos seios e não se vê mobilização para despejar ofensas - claro, pois os mamilos é que são polêmicos! haha

São agressões desferidas com a naturalidade de quem corta um tomate para fazer um vinagrete, como se o alvo não fosse digno de respeito. Estarrecedor (talibans aplaudem). Se você for homem, prevalece o óbvio de que natural mesmo é ficar a pele e pelos nesse verão escaldante; senão é "atentado ao pudor".

Saga da bestialidade humana. Capítulo: seios.
Mulher: peitos permitidos

Há algumas décadas não eram muito diferentes os "elogios" sobre mostrar os braços ou o colo do peito. Felizmente houveram mudanças - e avanços. Hoje em dia isso seria ridículo, certo? Fica evidente o quão contraditório e fraquinho é o argumento de que o topless não deve ser permitido por não fazer parte da Cultura brasileira... Se a Cultura não fosse algo mutável ainda estaríamos caçando bichos a pedradas para alimentar-se (embora a mania de matar a pedradas não tenha cessado...).

De um lado, homens bocós que parecem ter medo de mulher, odiando o fato de perder o monopólio sobre a liberdade de fazer algo tão "épico" como descobrir os peitos ao ar livre. _ Oh, os peitos dela não serão mais "virgens" :'( E eis que o rancor misógino prevalece sobre a educação - oportunidade para alguns animais.

De outro, mulheres machistas que, de tão adestradas, nem percebem a demonização/submissão do próprio corpo. E, além de não contribuírem em nada pra mudar, ainda atiram pedras (!). Que continuem comportadinhas, com medinho paranoico das "vagabundas" tomarem seus homens, censurando qualquer comportamento/roupagem que as ameace; que continuem cavando mais fundo a vala que igualmente as reprime... (Acorda, menina!)

É o moralismo largando o cérebro no automático, por mais bestial que seja o resultado. Apela-se até pra escrotice de dizer que estão pedindo para serem estupradas por estarem "dando cabimento". Esse é o tipo de pensamento que te faz Cúmplice - sim, Cúmplice: por fertilizar terreno pra esse tipo de violência em que a vítima recebe o "bônus" de ser tratada como se culpada fosse.

Não surpreende que cheguem ao cúmulo do absurdo de rejeitar/desmoralizar até mesmo a visão de algo tão belo como a amamentação, inserindo o gesto na categoria de coisas "inadequadas" e até "desresPeitosas" de se fazer em público. Só pode se tratar de uma sociedade doente... (Que segue recrutando os pequenos a perpetuarem a mesma boçalidade)



PS: Necessário o movimento "Marcha das Vadias" que, dentre outras coisas, reivindica à mulher a jurisdição sobre seu corpo. As reações ao último protesto, "Toplessaço", deixam isso bem claro.

sábado, 11 de agosto de 2012

O salto alto masculino está voltando?

Se lhe pedissem para descrever a primeira coisa que lhe viesse à mente ao imaginar um macho da nossa espécie equilibrando-se sobre um sapato com salto alto, provavelmente ocorreria uma dessas duas cenas:
1 - o pobre indivíduo em briga para manter-se de pé feito peão montando cavalo bravo;
2 - alguém de cabelos compridos, saia?, maquiagem e voz mais difícil de disfarçar quanto o "pacote" do sujeito (no caso de não ter feito vaginoplastia).

Estivéssemos na Roma antiga, seriam prontamente identificadas como prostitutas as mulheres ou as representantes desse "terceiro sexo" que desfilasse suas pernas sobre essas peças de tortura da moda. Quase um crachá de "profissional do séquiçu" (sic) - profissão legalizada por lá, naquela época, diga-se de passagem. Hoje em dia são estigmatizadas independente do que calcem...

Em geral, o sapato (e salto) em diversas culturas, oriental, ocidental (incluindo a romana), distinguiam as classes mais altas das demais (mais alto, mais importante). Não era mera expressão de feminilidade, mas de poder. Assim, não é de se espantar que homens usassem e ostentassem salto alto, em especial os baixinhos.

O estiloso Rei-Sol (Luiz XIV, França, séc. XVII), devido à posição que ocupava, é dos casos mais notórios da nobreza elevando os calcanhares. E justamente por remeter à nobreza, à aristocracia, decaiu definitivamente no gosto masculino com a Revolução Francesa (séc. XVIII).

Resgatado entre as mulheres, é hoje tabu entre homens. Nenhum, que não se travista de mulher, arriscaria imitar Carrie Bradshaw (personagem do seriado Sex And The City) e colecioná-los como se fossem selos pra combinar com a camisa do dia.

Porém, como o relacionamento do bicho homem com o besteirol a que chamamos Moda é tão cheio de idas e vindas quanto político corrupto, aquela peça cafona cheirando a naftalina no guarda-roupas pode voltar um dia. Naftalina é o cheiro do "novo". Será? Será que um dia desses a machaiada volta ao salto? (cá entre nós, prefiro patins ^^)

Perceba o que vem ocorrendo com os tênis de marca (e os vira-latas também), os amortecedores a mola, a ar, a qualquer coisa. Não acredito que haverão ao montes nas ruas rapazes como os do Kazaky (aquele grupo narcisista se requebrando com Madonna no videoclipe da música "Girl Gone Wild"), mas...

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

4 mitos sobre filhos de pais gays

O gays lutaram e conquistaram direitos iguais no casamento. O próximo passo é pensar em família e filhos. Mas o que acontece com crianças que são criadas por gays? A resposta: algumas coisas - mas nenhuma daquelas que você imaginava



Começo de ano é sempre igual na escola de Theodora: cada aluno se apresenta e mostra as fotos da família. Pode ser que a menina da primeira carteira seja filha de um engenheiro e uma arquiteta e o pai do menino de cabelos vermelhos chefie a cozinha de um restaurante. Theodora, naturalmente, vai contar sobre a escola de cabeleireiros dos pais. Dos dois pais - Vasco Pedro da Gama e Júnior de Carvalho, juntos há quase 20 anos. Theodora não hesita em explicar para os colegas: não mora com a mãe e tem dois pais gays. Ela passou 4 anos num orfanato, até 2006, quando uma juíza de Catanduva, interior de São Paulo, autorizou a adoção. Nos próximos meses, a família vai crescer: o casal espera a guarda de uma nova menina, de apenas alguns meses de idade.

Na outra metade do mundo, a história com pais gays da americana Dawn Stefanowicz foi diferente. Por toda a vida, Dawn conviveu com a visita dos vários namorados do pai. Ele recebia homens em casa, embora ainda morasse com a mãe de Dawn- o casal já não se relacionava. Ela segurou as pontas em silêncio durante a infância, adolescência e início da fase adulta. Mas depois dos 30 se rebelou contra a situação. "A decisão do meu pai de não gostar mais de mulheres mudou minha vida. Os namorados dele sempre o afastaram, e ele colocava o trabalho e os namorados acima de mim", diz.

Dawn e Theodora fazem parte de um novo tipo de família. Somente nos EUA, segundo estimativa da Escola de Direito da Universidade da Califórnia, 1 milhão de lésbicas, gays, bissexuais e transexuais criam atualmente cerca de 2 milhões de crianças. E cada vez mais casais gays optam por criar seus próprios filhos. Segundo o mesmo instituto, em 2009, 21.740 casais homossexuais adotaram crianças - quase o triplo do número de 2000. A estimativa é que cerca de 14 milhões de crianças, em todo o mundo, convivam com um dos pais gays. Por aqui, onde mais de 60 mil casais gays vivem numa união estável (reconhecida perante a lei apenas no ano passado), a história é mais recente. O caso de Theodora foi a primeira adoção por um casal gay. E isso não faz tanto tempo assim - só 6 anos.

É justamente por ser tão recente que o assunto gera dúvidas, preconceitos e medos. Quais as consequências na personalidade de uma criança se ela for criada por gays? A resposta dos estudos é bem clara: perto de zero. "As pesquisas mostram que a orientação sexual dos pais parece ter muito pouco a ver com com o desenvolvimento da criança ou com as habilidades de ser pai. Filhos de mães lésbicas ou pais gays se desenvolvem da mesma maneira que crianças de pais heterossexuais", explica Charlotte Patterson, professora de psiquiatria da Universidade da Virginia e uma das principais pesquisadoras sobre o tema há mais de 20 anos.

Como, então, explicar as queixas de Dawn e a vida tranquila de Theodora? "O desenvolvimento da criança não depende do tipo de família, mas do vínculo que esses pais e mães vão estabelecer entre eles e a criança. Afeto, carinho, regras: essas coisas são mais importantes para uma criança crescer saudável do que a orientação sexual dos pais", diz Mariana Farias, psicóloga e autora do livro Adoção por Homossexuais - A Família Homoparental Sob o Olhar da Psicologia Jurídica. Enquanto Theodora mantém uma relação próxima dos pais, com conversas abertas sobre sexualidade, Dawn não teve a mesma sorte. Para piorar, ela cresceu em um ambiente ríspido e promíscuo (o pai levava diferentes homens para casa e não lhe deu atenção durante os anos mais importantes de sua formação). Mesmo assim, sobram mitos em torno da criação de filhos por pais e mães gays. Veja aqui o que a ciência tem a dizer sobre eles.

Mito 1. "Os filhos serão gays!"

A lógica parece simples. Pais e mães gays só poderão ter filhos gays, afinal, eles vão crescer em um ambiente em que o padrão é o relacionamento homossexual, certo? Não necessariamente. (Se fosse assim, seria difícil, por exemplo, explicar como filhos gays podem nascer de casais héteros.) Um estudo da Universidade Cambridge comparou filhos de mães lésbicas com filhos de mães héteros e não encontrou nenhuma diferença significativa entre os dois grupos quanto à identificação como gays. Mas isso não quer dizer que não existam algumas diferenças. As famílias homoparentais vivem num ambiente mais aberto à diversidade - e, por consequência, muito mais tolerante caso algum filho queira sair do armário ou ter experiências homossexuais. "Se você cresce com dois pais do mesmo sexo e vê amor e carinho entre eles, você não vê nada de estranho nisso", conta Arlene Lev, professora da Universidade de Albany. Mas a influência para por aí. O National Longitudinal Lesbian Family Study é uma pesquisa que analisou 84 famílias com duas mães e as comparou a um grupo semelhante de héteros. Ainda entre as meninas de famílias gays, 15,4% já experimentaram sexo com outras garotas, contra 5% das outras. Já entre meninos, houve uma tendência contrária: 5,6% nos adolescentes criados por mães lésbicas tiveram experiências sexuais com parceiros do mesmo sexo - mas menos do que os que cresceram em famílias de héteros, que chegaram a 6,6%. Ou seja, não dá para afirmar que a orientação sexual dos pais tenha o poder de definir a dos filhos.


Mito 2. "Eles precisam da figura de um pai e de uma mãe"

Filhos de gays não são os únicos que crescem sem um dos pais. Durante a 2ª Guerra Mundial, estima-se que 183 mil crianças americanas perderam os pais. No Brasil, 17,4% das famílias são formadas por mulheres solteiras com filhos. Na verdade, os papéis masculino e feminino continuam presentes como referência mesmo que não seja nos pais. "É importante que a criança tenha contato com os dois sexos. Mas pode ser alguém significativo à criança, como uma avó. Ela vai escolher essa referência, mesmo que inconsciente-mente", explica Mariana Farias. Se há uma diferença, ela é positiva. "Crianças criadas por gays são menos influenciadas por brincadeiras estereotipadas como masculinas ou femininas", diz Arlene Lev. Uma pesquisa feita com 56 crianças de gays e 48 filhos de héteros apontou a maior probabilidade de meninas brincarem com armas ou caminhões. Brincam sem as amarras dos estereótipos e dos preconceitos.

Mito 3. "As crianças terão problemas psicológicos por causa do preconceito!"

Elas sofrerão preconceito. Mas não serão as únicas. No ambiente infantil, qualquer diferença - peso, altura, cor da pele - pode virar alvo de piadas. Não é certo, mas é comum. Uma pesquisa da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas com quase 19 mil pessoas mostrou que 99,3% dos estudantes brasileiros têm algum tipo de preconceito. Entre as ações de bullying, a maioria atinge alunos negros e pobres. Em seguida vêm os preconceitos contra homossexuais. No caso dos filhos de casais gays analisados pelo National Longitudinal Lesbian Family Study, quase metade relatou discriminação por causa da sexualidade das mães. Por vezes, foram excluídos de atividades ou ridicularizados. Vinte e oito por cento dos relatos envolviam colegas de classe, 22% incluíam professores e outros 21% vinham dos próprios familiares. Felizmente, isso não é sentença para uma vida infeliz. Pesquisas que comparam filhos de gays com filhos de héteros mostram que os dois grupos registram níveis semelhantes de autoestima, de relações com a vida e com as perspectivas para o futuro. Da mesma forma, os índices de depressão entre pessoas criadas por gays e por héteros não é diferente.

Mito 4. "Essas crianças correm risco de sofrer abusos sexuais!"

Esse mito é resquício da época em que a homossexualidade era considerada um distúrbio. Desde o século 19 até o início da década de 1970, os gays eram vistos como pervertidos, portadores de uma anomalia mental transmitida geneticamente. Foi só em 1973 que a Associação de Psiquiatria Americana retirou a homossexualidade da lista de doenças mentais. É pouquíssimo tempo para a história. O estigma de perversão, sustentado também por líderes religiosos, mantém a crença sobre o "perigo" que as crianças correm quando criadas por gays. Até hoje, as pesquisas ainda não encontraram nenhuma relação entre homossexualidade e abusos sexuais. Nenhum dos adolescentes do National Longitudinal Lesbian Family Study reportou abuso sexual ou físico. Outra pesquisa, realizada por três pediatras americanas, avaliou o caso de 269 crianças abusadas sexualmente. Apenas dois agressores eram homossexuais. A Associação de Psiquiatria Americana ainda esclarece: "Homens homossexuais não tendem a abusar mais sexualmente de crianças do que homens heterossexuais".

Dá para adotar no Brasil?

A lei de adoção brasileira deixa brechas para a adoção por gays sem fazer referência direta a esse tipo de família. Em 2009, quando houve mudanças na legislação, casais com união estável comprovada puderam entrar com pedido de adoção conjunta, sem o casamento civil. Em maio de 2011, o Supremo Tribunal Federal (STF) garantiu o reconhecimento de união estável entre pessoas do mesmo sexo, fazendo valer também a eles os direitos previstos para casais héteros. Apesar das conquistas, uma pesquisa do Ibope revelou que 55% dos brasileiros são contra a união estável e a adoção de crianças por casais homossexuais.

Para saber mais
Adoção por Homossexuais - A Família Homoparental sob o Olhar da Psicologia Jurídica
Mariana de Oliveira Farias e Ana Cláudia Bortolozzi, Juruá, 2009.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Segredos que os homens não contam

Não, este não é mais um texto sobre como levar seu namorado ao delírio com um boquete maravilhoso, nem de como contorcê-lo numa punheta profissional, nem como deixá-lo de pernas bambas com... Pensando bem, pode ser que sirva sim! haha

Sobre o que é então, diacho?! Calma, que o negócio é mais embaixo: alguns desejos e histórias escondidos no porão do mundo masculino, no mesmo armário dos pornôs, láaa dentro de uma caixa de sapatos velha, embolando-se em recortes, cartas de amores inocentes e algumas figurinhas heroicamente conquistadas.

Há várias coisas que estão aí "estabelecidas" como sendo masculinas ou femininas. E se o homem não se apega a determinadas coisas ditas "de homem" ou, "pior", gosta de alguma coisa "de menina": pronto, está feita a confusão!


O site Casal Sem Vergonha fez uma pesquisa anônima com os muchachos e apareceram algumas coisas bem curiosas que eles não contam a elas, nem a ninguém.

Eis alguns deles, soltos sob a proteção e segurança do manto do anonimato:
  • Ter tido algum pensamento ou sonho com pessoa do mesmo sexo e ter ficado excitado com isso;
  • Ter feito troca-troca na infância/adolescência;
  • Gostar de carícias lá atrás - feitas pela amada (?), com a língua ou até coisas menos "suaves";
  • Broxar;

Claro que tais segredinhos fizeram aparecer gente escandalizada e até taxando alguns itens de "gays"... Mas a maioria dos que confessaram o seu "lado negro" provavelmente não é nem gay nem bissexual, pois o que caracteriza isso é ter atração (tesão mesmo) por homens, querer transar, beijar, talvez casar e aturar almoços entediantes de família etc. Não que seja um problema - ou ao menos não deveria ser.

Com isso em mente, é fácil concluir que o fato de ter uma fantasia passageira/esporádica, ou mesmo uma experiência isolada na adolescência, não transforma ninguém em "viado" - pra informar aí, quem está com a consciência pesada.

Muitas vezes a gente nem manda no que imagina - senão ninguém teria pesadelos, certo? O mesmo vale para (in)certos pensamentos que cruzam nossos neurônios. Daí imaginar algo ou apenas se excitar com o sexo pelo qual você não tem atração pode acontecer. E então? Então é normal ocorrer tanto com héteros como com gays - e isso não os torna bissexuais, os seres menos frescos do zodíaco. 

A "troca de favores", talvez até derivada daquela fantasia, é super comum especialmente naquela fase "ninformoníaca" que toca adiante a curiosidade entre amigos, primos e afins - o que não exclui adultos atiçadinhos de ter a experiência não usual. Desconfio muito de quem comenta nervosamente que nunca fez, nem nunca faria, nem-nunca-jamais. Sei sei... (Ok, dou a mão à palmatória. Nunca fiz quando pequeno... Juro)

O macho e sapientíssimo carapuceiro Xico Sá já até falou sobre o assunto. Bem humorado, soltou que "o grande drama do troca-troca é quem vai comer primeiro. (...) Claro que quem come primeiro vai embora (risos). Não tem a menor chance de não ir embora".

Mudando de armas, há vários caras que gostam de carinhos no "apito". E se o sujeito curte um fio-terra feito pela mulher, que tem? A próstata é um troço extremamente sensível e não é de se espantar que seja divertido (?) brincar lá. Acho até que a mulherada devia falar que só libera a garagem de trás se o cara também topar. Queria só ver... #AdvogadoDoDiabo

Por outro lado, no outro lado: broxar faz parte! Especialmente quando transamos sem estar muito a fim e faz só por afirmação de virilidade/masculinidade...

Quando a gente amadurece, isso deixa de ser um transtorno de proporções maiores e percebemos, inclusive, que dispensar sexo independente do que vão pensar é melhor do que ter uma experiência não muito legal. (Coisa que ainda não aprenderam aqueles alienadinhos que acham que é "obrigação" do homem ter o pau automático. Arrogante, cansativa e infantil essa postura...)

E mais: broxamos até durante a transa! Isso mesmo! Broxa e diz que gozou, que estava uma delícia e não conseguiu segurar! Hauhaua! É, mulherada, vocês acham que só vocês podem fingir? Nós também fingimos - às vezes até apressamos a coisa pra acabar logo, quando não está bom...

Não é tudo que vai ser gostoso ou aceitável pra todo mundo, mas: pra que implicar com o que dá prazer aos outros (desde que não viole a dignidade alheia)? Temos todos direito à opinião, mas creio que muitas opiniões externadas são puro nhém-nhém-nhém. Por isso, a grande maioria das "parafilias" é tabu... (leia a respeito e descubra um mundo totalmente novo).

Não é à toa que são segredos essas coisas...


Adendo:
Falando em segredos, eis um que nenhum dos meninos mencionou: auto-felação (sexo oral em si mesmo). Estima-se que, dentre mil mortais, de 2 a 3 jovens talentosos consigam executar a proeza, além dos 900 que só ganharam um torcicolo (Ah, vá, diga que nunca pensou nisso vendo aqueles contorcionistas praticamente cheirando a própria bunda).

E olha que essa estatística é de seis décadas atrás. Se uma inocente punhetinha é negada até em flagrante (!), tamanho o terrorismo, imagine quantos mentiram quando foi feita extensa pesquisa (1948) liderada pelo biólogo e sociólogo Alfred Charles Kinsey, considerado o "pai da sexologia". Só esqueceram de perguntar se o cara cospe ou engole kkk (Ok, parei)

Já "a última pesquisa mundial sobre o assunto apontou que entre a população global 89% dos homens já utilizou ou desejou se utilizar da auto-felação"*. Imagino que, não fossem as limitações físicas, isso poderia ser tão comum quanto a masturbação. O mulherio não vive dizendo que homem é tudo cachorro?

Mais sobre autofelação: