domingo, 4 de março de 2012

Coisas Pequenas

Trocava figurinhas sobre despesas e custos - fixos, variáveis, diretos, indiretos. O tom, entre solícito e bazófia, era sobre matéria boba de prova importante. Tentava graduar-se nessa profissão que beira o abstrato e o misticismo, a do Administrador.

O outro emendou metido num monólogo, entre suas orelhas deselegantemente acorrentadas ao smartphoMe, enumerando objetivos "de vida". Inglês, Excel, pós-graduação, aprender a mexer na calculadora HP, e beber e comer todas na balada do fim de semana... E isso arrancando bocejos daqueles que mal cabem na boca.

De quem? Não do interlocutor. Este, como a maioria adestrada de nós, socializava com um belo sorriso de aeromoça, esperando sua vez de retomar a prosa. Quem estava com as nádegas inquietas na poltrona à frente, procurando posição para cochilo até a próxima estação, era o pobre ouvinte que compartilhava passivamente o diálogo no vagão do metrô paulistano.

Tão impregnada essa cultura do sucesso, da performance pessoal, laboral, sexual, que até sinto remorso pelo desinteresse. "Sem isso você não será alguém" (?!) Nascemos pra "realizar" e consumir - alimento, entretenimento, coisas, pessoas... Vícios...

Gosto deixar em aberto (não muito seriamente) a possibilidade de vender côcos e bijouterias nalguma praia Brasil afora. Mas nem sei artesanato - a menos que arte no Photoshop o seja considerada.

Estamos todos tão escravos do utilitarismo, um dos itens da sopa intragável da socieade que criamos e que nos causa tanto estresse, que até o silêncio está sendo esquecido, por "inútil"...

Coisas Pequenas

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