terça-feira, 1 de março de 2011

Celular: o novo cigarro?

Eles tocam música, vídeos, tiram foto, rodam joguinhos, nos lembram das horas e afazeres que ditam o cotidiano e até fazem ligações telefônicas! De acordo com a Anatel, no Brasil há mais de 205 milhões de assinaturas de telefonia móvel (celulares e smartphones).

Não há dúvidas de que há mais praticidade, benefícios à comunicação. Não obstante, a quase onipresença do aparelhinho trouxe algumas mudanças de hábito, nem todas positivas – como falar alto no celular em lugares públicos, seja na fila de um banco enquanto estamos tensos e já impacientes esperando, seja no banheiro naquele necessário momento de “meditação”.

Em diversas outras circunstâncias, quer no ônibus, em palestras, durante aulas, consultas médicas, ou em restaurantes e afins: vê-se que o individualismo, a falta de consideração com o próximo e a ditadura do barulho prevalecem – inclusive em sessões da Assembléia, Câmara e Senado, onde deveria reinar o interesse comunitário e não outro.

Tempos atrás, surgiu dispositivo no mercado para os inconformados que queiram “contra-atacar” emitindo um forte sinal de rádio que derruba a ligação dos tagarelas empedernidos. É mais ou menos equivalente à pistola d’água que muitos já cogitaram usar contra fumantes – uma solução pouco ortodoxa.

Não fosse ilegal, a engenhoca poderia ser útil quando, após ajeitar-se naquela disputada poltrona do cinema, descobrimos um humano à frente manobrando aquela luzinha irritante a fazer téc-téc... Sempre me ocorre arremessar pipocas molhadas com refrigerante no ser – outra solução pouco ortodoxa.

Voltando à metáfora, cabe questionar se o celular seria como o novo cigarro; pois se atentarmos para o fato de ser tão presente, para o fato de causar dependência e para o fato do uso “eventualmente” não ser compartilhado por seu vizinho – o qual pode desagradar-se com o volume daquela música da banda Calypso que você adora – a resposta é sim.

Cigarro, celular, chiclete, qualquer coisa que permeie e interfira no contato social pede algum cuidado, que adotemos alguma etiqueta – leia-se bom senso – ao utilizar. De outro modo estaremos então relegando à paciência mais estas situações do nosso dia-a-dia.

No trânsito, onde nem sempre prevalece a paciência, já é proibido o uso do telefone ao volante. Porém, mantém-se o risco para os pedestres que se aventuram digitando mensagens ou conversando distraidamente no aparelho enquanto caminham na rua, alheios à segurança e às outras pessoas no caminho.

Não creio que o contato virtual e instantâneo seja tão mais importante e urgente que a nossa integridade física, que a boa conversa com aquela pessoa que está ali diante de nós prestando atenção, que o nosso profissionalismo com o cliente que ficaria minimamente desconfortável com a falta desta atenção e presteza no atendimento etc. Nem em “soluções pouco ortodoxas”, quando basta perceber e respeitar o próximo.

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